O Tempo - fragmentação/unificação/relativização

A arte como pós-humanismo existencial é constante transformação e revelação de múltiplas outras que estão aí, estão aqui. É o "estar aí, estar aqui", o "dasein" (Heidegger, Gadamer, perspectivismo indígena, reciprocidade) cuja existência se modifica como experiência estética - aí está, aí vive-se, vivemos juntos. Desde julho de 2021, tento fazer imagens de meus pensamentos. Durante a oficina, conheci ?Mia?, meu arquétipo. "Mia" sempre esteve lá, com o mundo conectado e aqui comigo, mas eu não a deixava falar; Mia é um pequeno satélite. Percebo o mundo em pequenas e grandes dimensões, me aproximando e me distanciando das coisas, fatos, pessoas, situações, temas, problemas ... meu jeito de ser na arte é esse jeito pequeno, grande, misterioso, revelador, carinhoso, gritante, calmo e crente. De Mia, desenvolvi uma arte chamada "The Time".

No mundo do relógio, o tempo não é totalmente percebido. O relógio "mede" as horas do nosso tempo. Mas não percebemos o tempo, talvez porque o "medimos". E esse mesmo tempo está acontecendo no mundo visível e invisível ... cada um no seu tempo: "[...] hora de plantar, hora de semear, hora de colher [...]" (Eclesiastes, 3). Tempo da natureza vivido pelas comunidades indígenas Kaingang (Paraná, Brasil): tempo do sol, da lua, da terra, da água, do vento, das nuvens, da cozinha, do resfriamento, da fervura, do fogo, da caça, do pescar ... tudo tem um sentido e um tempo de existência. Tempo de doença e tempo de cura, que é medido microscopicamente, mas é semelhante ao tempo da natureza indígena ... não temos controle absoluto. Tudo tem um sentido e um tempo de existência. Tempo da Terra, tempo do planeta, tempo das estrelas, tempo do meteoro, tempo do satélite, cujas distâncias de tempo são medidas em um mundo macroscópico.

O significado de cada hora é definido pelo ser humano, na hora do relógio. O significado de cada época é definido por seres da natureza (inclusive os humanos) na época dos povos originários. Do mundo micro e macro possível, o tempo se revela de diferentes maneiras. O espaço cosmológico revela a expansão do pensamento racional e tecnológico no planeta sob uma visão branca, capitalista e socialista; o espaço cosmológico dos povos originários revela a introspecção do pensamento perspectivista e intuitivo para a sobrevivência, coexistência, reciprocidade, na Oceania, Ásia, América do Norte, Central e do Sul; Europa, África.

Ouvir o tempo, sentir o tempo, estar presente em todas as forças humanas quando o sol nasce, até que o sol se põe. Leia as estrelas, a lua, o vento, as águas, a floresta, os animais. Observados por tecnologias em todos os momentos, somos satélites, microscópios, de um planeta Terra de muitas diferenças, diversidades. Eu sinto esses mundos se aproximando, para a cura, para a tristeza, para o vazio, para a esperança, para o amor, para a necessidade de sobreviver.